quinta-feira, 12 de junho de 2014

Estréia digna do Oscar (e do Oscar)

Enfim, começou. E com toda a festa, a emoção, o humor, o drama e a pieguice que não podem faltar numa Copa do Mundo.
Confesso que não assisti toda a festa de abertura, nem prestei atenção a todos os detalhes (com exceção da Cláudia Leite, é claro, que mesmo cantando sem sincronia, por causa do áudio da transmissão, bate um bolão! - não entendi lhufas da música que ela partilhou com a JenyLo - igualmente talentosa! - e o tal do Pitbul, com muita energia (mas quem quer saber de música numa hora - e com pernas! - como essa(s) ?)).
Quanto ao jogo, ele teve todos os necessários ingredientes de uma digna estréia do Brasil em Mundiais. Inclusive os indispensáveis requintes de crueldade. Lembrei-me, particularmente, da nossa estréia em 1982, contra a antiga URSS. O Brasil começou perdendo graças a um frangaço de Valdir Peres, em chute de um tal de Bal (nunca esqueci esse nome porque minha querida amiga Anat "Nani" Geiger, teria então decretado: "acho que agora o Brasil... ba-bal!"). Viramos e vencemos o jogo no final do segundo tempo, com dois golaços de Sócrates e de Éder, nos únicos chutes que conseguiram passar pelo goleirão Dasaev. Daí para frente, porém, todos conhecemos o destino daquele timaço e daquela Copa (né Paolo Rossi?).
Pois hoje o drama começou com o gol contra de Marcelo. E por um momento pareceu que toda a uruca negativista que envolveu a realização desse mega-evento iria triunfar logo no começo da festa.
De qualquer modo, foi muito mais na base do coração e do talento individual que o Brasil virou e venceu. Os croatas deram muito trabalho e o placar final de 3x1 não diz o que foi a partida.
Tudo bem. Copa do Mundo só tem graça assim. E estréia é sempre mais complicado.
Mas falando em talento individual, o nome do jogo foi indiscutivelmente o Oscar.
O meia do Chelsea fez um partidaço, com atuação decisiva nos dois primeiros gols e assinando o terceiro golpe fatal. E o mais importante: mostrou que o Brasil ainda tem, pelo menos, um grande meia!
Mas deveria haver ainda um outro Oscar na história desse Brasil 3x1 Croácia.
Que Fred é um dos melhores centroavantes em atividade no planeta, todo mundo que acompanha futebol já sabe há muito tempo. Mas hoje o goleador tricolor mostrou ao mundo duas outras qualidades: perseverança e talento teatral.
Perseverança porque há muito tempo ele tenta convencer algum juiz a marcar pênalti quando ele se joga dentro da área. Quem assiste aos jogos do Fluminense com certa freqüência - mesmo não sendo tricolor (e principalmente, como é o meu caso) - sabe disso. Hoje o esforço de Fred foi recompensado. E no melhor momento possível (ainda bem que não foi num Flu X Botafogo).
Mas temos que reconhecer também que ele, de fato mereceu: à primeira vista, vendo pela tv, eu também achei que tinha sido falta. Só depois, com o auxílio das imagens de outras câmeras, pude apreciar melhor o talento interpretativo do nosso atacante, e ver como ele engrupiu direitinho o juizinho em questão (aliás, outra tradição do futebol mundial que não falha: que soprador de apito escalaram para a estréia da Copa!).
Em tarde/noite de Oscar, outro Oscar deveria ter aparecido no Itaquerão: o de melhor ator, para o Fred. 
Esperemos que agora, passado o tradicional sufoco inicial, nosso time deslanche e nos brinde com vitórias mais fáceis.
Mas até que um certo draminha - com doses de comédia - é gostoso. 

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