segunda-feira, 19 de abril de 2010

Justiça tardia 2

Num jogo estranho e emocionante o Botafogo conquistou ontem, com inteira justiça, e com quatro anos de atraso, o título de campeão carioca.
Há quatro anos, em 2007, o Botafogo foi injusta e ilegalmente derrotado pelo Flamengo, numa disputa de penaltis, em partida, e em campeonato, em que sempre fora superior ao rival. E cuja conquista, embora não desprovida de méritos, ficou para sempre empanada por uma arbitragem desastrosa, que além de invalidar o gol do que seria o do bicampeonato - já que o Bota ganhara a taça no ano anterior -, ainda expulsou, naquele final de decisão, o principal jogador e artilheiro do time, Dodô. Foi assim, em frangalhos emocionais, que o alvinegro disputou e perdeu nos penais a primeira das três decisões para o Fla.
E foi por causa daquele jogo que, no ano seguinte, quando os dois times se cruzaram de novo, na final da Taça GB, nova arbitragem polêmica e nova vitória rubronegra (2 a 1) levaram o Bota, do presidente ao ponta-esquerda, ao espetáculo deprimente do chororô. Nas finais do estadual de 2008 deu-se o segundo confronto entre os rivais, mas dessa vez a vitória do Fla foi justa e incontestável (1 a 0 e 3 a 1), sem chororô nem vela. Não totalmente por acaso, o técnico rubronegro era o mesmo Joel Santana.
Em 2009, o enredo foi praticamente o mesmo, havendo apenas pequena inversão de fatores. O Bota, campeão da Taça GB, chegou também à final da Taça Rio, contra o Fla, exatamente como ontem. Mas então a justa vitória dos rubronegros (1 a 0) conduziu à terceira final consecutiva. Aí o que faltou ao Botafogo foi mesmo sorte. Na primeira partida da decisão, depois de virar o placar em que saíra em desvantagem, uma sequencia de lances fatídicos tirou de campo os dois principais jogadores alvinegros (Maicosuel e Reinaldo). Depois de mais dois incríveis empates em 2 a 2, o Fla ganhou outra vez, na disputa de penaltis. Não se pode dizer que tenha sido propriamente injusto (na ocasião, inclusive, comentei que enquanto o Fla ajudava a própria sorte, o Bota errava muito e dava muita chance ao azar; ver abaixo, no meu post de 4 de maio de 2009).
Ontem, porém, a superioridade tática do Botafogo foi premiada, dessa vez, com o título.
Mesmo desperdiçando a chance clara de matar o jogo, com o jovem, talentoso, mas afobado Caio, a vanguarda progressista soube conter as hostes da demagogia populista - também conhecida como Império do Mal - e acabou a novela. Sem chororô e sem erros grosseiros de arbitragem (no máximo, um certo exagero na arte de mostrar cartões).
Parabéns aos guerreiros alvinegros!
Agora é, deixar as antigas mágoas para o passado, tratar de reforçar esse time para o Brasileirão e sonhar mais alto. Voltar a ser Botafogo!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Justiça tardia

Diz um velho ditado que a justiça tarda, mas não falha.
Para Santa Cruz e Botafogo a justiça demorou quase 180 minutos: os noventa da primeira partida, em Recife, há coisa de duas semanas - quando o Bota venceu injustamente por 1 x 0 - mais os quase noventa de hoje, até que o terceiro gol do time pernambucano decretasse a verdade clara e cristalina para quem quer que tenha acompanhado as duas partidas pela Copa do Brasil. Se alguém realmente merecia seguir adiante na competição não era a irregular equipe de Joel Santana, e sim o bem armado time nordestino. O empate classificava o Fogão, mas qualquer torcedor alvinegro, até mesmo o mais inexperiente, sabia que não dava para ficar tranquilo com o placar de 2 x 2, do jeito que o Santa seguia atacando, e encontrando espaços para finalizar, ao passo que os cariocas cometiam o mesmo erro de sempre: chutão pra frente, intranquilidade e incapacidade de tocar a bola - principalmente no ataque -, de enervar e envolver o adversário, gastando o tempo e esperando a oportunidade certa de liquidar a fatura.
Não.
Como de hábito, faltou inteligência ao Botafogo.
Lembrar que muito mais do que com os pés e o coração, futebol se joga com a cabeça. E não exatamente a sempre acionada - e nem sempre salvadora - do Loco Abreu.