domingo, 4 de julho de 2010

Eine große Schokolade

Exatamente como eu previra, o não cumprimento da "lei de Josimar" fez outra vítima na Copa 2010!
Quem mandou Dieguito não convocar Herrera "casi-gol" para a seleção portenha? Não deu outra.
De nada adiantou o esforço hercúleo dos argentinos para meter pelo menos um golzinho na Alemanha.
Dos 3 minutos do primeiro tempo - do gol de Müeller - até Klose fechar o caixão argentino com o quarto e inapelável tento, nuestros hermanos lutaram com bravura (diga-se de passagem, melhor até que muita gente mais "favorita"). Mas nem o talento combinado de Messi e Tevez, coadjuvados por Higuaín ou Agüero, pode se contrapor às leis divinas do futebol internacional. Nem mesmo Dom Diego e seus superpoderes histriônicos.
Agora é conferir o improvável mas seguro triunfo uruguaio nas próximas duas fases, graças ao verdadeiro talismã da Copa: o Loquíssimo Abreu.
De certo modo é pena. Pois ninguém merece mais levar esse caneco do que a nova juventude germânica. Como dizem em Berlim, o jogo de ontem foi "eine grosse scholokade"!  
Mas não! Peraí....
Não tem nenhum jogador alemão no Fogão! Nem holandes ou espanhol!
Ufa!
Todas essas seleções estão imunes à lei de Josimar.
Caminho aberto, portanto, para a vitória do melhor futebol.
Venha de onde vier.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A implacável Lei de Josimar

Eu sabia.
Maior pecado do que não convocar Ganso, Neimar, ou Ronaldinho Gaúcho, foi desrespeitar uma das maiores tradições do velho futebol-arte (também conhecida como a famosa "lei de Josimar"): seleção brasileira que se preze tem que ter pelo menos um jogador do Botafogo. E olha que não faltavam alternativas para o Dunga. Ou alguém dúvida que Leandro Guerreiro é melhor e mais confiável que Felipe Melo, ou que Lúcio Flávio é mais técnico que Daniel Alves, ou ainda - essa é incontestável - que o Somália, mesmo improvisado na lateral esquerda é muito melhor que o Michel Bastos ou o Gilberto??!!
Mas não. Ninguém se lembrou de avisar ao teimoso e emburrado treinador acerca dessas e outras tradições nacionais. Deu no que deu.
Justo depois dos melhores 45 minutos do Brasil na Copa, a Holanda, em dois lances, acabou com a segunda Era Dunga. Antes tarde do que nunca.
Melhor fez o Oscar Tabárez, técnico do Uruguai: não esqueceu de levar o Loco e escalá-lo no segundo tempo da decisão com Gana. Não deu outra: o pivô alvinegro garantiu a Celeste na semifinal - depois de 40 anos! - com sua indefectível "cavadinha" na última cobrança de pênaltis.
Resta agora esperar para ver a final antecipada da Copa, amanhã, e assistir a lei fazer nova vítima: Dom Diego Maradona y sus muchachos serão inevitavelmente superados pela nova artilharia alemã e pagarão caro por não levar Herrera "casi-gol" à Copa. Nem Messi será capaz de impedir!
Não tem perdão.
Foi por essas e outras que, hoje, o Brasil saiu da Copa.
Mas o Botafogo segue! Com Loco Abreu!

domingo, 27 de junho de 2010

Finalmente! Começou a Copa!

Foi assim, com a cobrança de uma fatura de 44 anos: começou a Copa 2010!
Em 1966 - não que eu me lembre, mas sei por acompanhar a história do futebol -, sediando a Copa, a Inglaterra derrotou a então Alemanha Ocidental, na final, com um gol que não existiu, validado pelos juizinhos de então. A bola bateu no travessão, caiu em cima da linha e saiu, mas valeu assim mesmo. É verdade que ainda sairia mais um gol inglês depois disso - o placar final foi 4x2 - mas o gol inexistente mudou o rumo do jogo.
Pois bem: com a melhor exibição de futebol da Copa até aqui, a renovada seleção alemã goleou o English Team por 4x1 e o despachou da competição. Não sem antes contar com a colaboração do juiz uruguaio, Jorge Larrionda, e do bandeira, Maurício Espinosa, que não validaram o gol escandaloso marcado por Lampard - à moda inglesa: chutão no travessão que, dessa vez caiu dentro - e que, naquela altura do primeiro tempo, empataria o jogo. O placar seguiu 2x1 para os alemães, que em dois sensacionais contra-ataques na etapa final selaram o destino inglês nesse mundial.
Não sei em 66, mas hoje, com ou sem erro do juiz, os alemães deram um show de bola e mereceram a vitória. Müeller, Schweinsteiger e Özil, entre outros, comeram a bola. Mas graças também à luta de Lampard, Rooney e Gerrard, finalmente assistimos a um jogão digno de Copa.
Justiça seja feita: Uruguai, Coréia do Sul, EUA e Gana já tinham trazido ontem a grande novidade para o torneio: a emoção do futebol.
Resta torcer para que Argentina, Holanda, Espanha, Chile e - quem sabe - até o Brasil, dêem o ar de sua graça.
Afinal.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Justiça tardia 2

Num jogo estranho e emocionante o Botafogo conquistou ontem, com inteira justiça, e com quatro anos de atraso, o título de campeão carioca.
Há quatro anos, em 2007, o Botafogo foi injusta e ilegalmente derrotado pelo Flamengo, numa disputa de penaltis, em partida, e em campeonato, em que sempre fora superior ao rival. E cuja conquista, embora não desprovida de méritos, ficou para sempre empanada por uma arbitragem desastrosa, que além de invalidar o gol do que seria o do bicampeonato - já que o Bota ganhara a taça no ano anterior -, ainda expulsou, naquele final de decisão, o principal jogador e artilheiro do time, Dodô. Foi assim, em frangalhos emocionais, que o alvinegro disputou e perdeu nos penais a primeira das três decisões para o Fla.
E foi por causa daquele jogo que, no ano seguinte, quando os dois times se cruzaram de novo, na final da Taça GB, nova arbitragem polêmica e nova vitória rubronegra (2 a 1) levaram o Bota, do presidente ao ponta-esquerda, ao espetáculo deprimente do chororô. Nas finais do estadual de 2008 deu-se o segundo confronto entre os rivais, mas dessa vez a vitória do Fla foi justa e incontestável (1 a 0 e 3 a 1), sem chororô nem vela. Não totalmente por acaso, o técnico rubronegro era o mesmo Joel Santana.
Em 2009, o enredo foi praticamente o mesmo, havendo apenas pequena inversão de fatores. O Bota, campeão da Taça GB, chegou também à final da Taça Rio, contra o Fla, exatamente como ontem. Mas então a justa vitória dos rubronegros (1 a 0) conduziu à terceira final consecutiva. Aí o que faltou ao Botafogo foi mesmo sorte. Na primeira partida da decisão, depois de virar o placar em que saíra em desvantagem, uma sequencia de lances fatídicos tirou de campo os dois principais jogadores alvinegros (Maicosuel e Reinaldo). Depois de mais dois incríveis empates em 2 a 2, o Fla ganhou outra vez, na disputa de penaltis. Não se pode dizer que tenha sido propriamente injusto (na ocasião, inclusive, comentei que enquanto o Fla ajudava a própria sorte, o Bota errava muito e dava muita chance ao azar; ver abaixo, no meu post de 4 de maio de 2009).
Ontem, porém, a superioridade tática do Botafogo foi premiada, dessa vez, com o título.
Mesmo desperdiçando a chance clara de matar o jogo, com o jovem, talentoso, mas afobado Caio, a vanguarda progressista soube conter as hostes da demagogia populista - também conhecida como Império do Mal - e acabou a novela. Sem chororô e sem erros grosseiros de arbitragem (no máximo, um certo exagero na arte de mostrar cartões).
Parabéns aos guerreiros alvinegros!
Agora é, deixar as antigas mágoas para o passado, tratar de reforçar esse time para o Brasileirão e sonhar mais alto. Voltar a ser Botafogo!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Justiça tardia

Diz um velho ditado que a justiça tarda, mas não falha.
Para Santa Cruz e Botafogo a justiça demorou quase 180 minutos: os noventa da primeira partida, em Recife, há coisa de duas semanas - quando o Bota venceu injustamente por 1 x 0 - mais os quase noventa de hoje, até que o terceiro gol do time pernambucano decretasse a verdade clara e cristalina para quem quer que tenha acompanhado as duas partidas pela Copa do Brasil. Se alguém realmente merecia seguir adiante na competição não era a irregular equipe de Joel Santana, e sim o bem armado time nordestino. O empate classificava o Fogão, mas qualquer torcedor alvinegro, até mesmo o mais inexperiente, sabia que não dava para ficar tranquilo com o placar de 2 x 2, do jeito que o Santa seguia atacando, e encontrando espaços para finalizar, ao passo que os cariocas cometiam o mesmo erro de sempre: chutão pra frente, intranquilidade e incapacidade de tocar a bola - principalmente no ataque -, de enervar e envolver o adversário, gastando o tempo e esperando a oportunidade certa de liquidar a fatura.
Não.
Como de hábito, faltou inteligência ao Botafogo.
Lembrar que muito mais do que com os pés e o coração, futebol se joga com a cabeça. E não exatamente a sempre acionada - e nem sempre salvadora - do Loco Abreu.

domingo, 28 de março de 2010

Um caso asqueroso

A condenação, anteontem, do casal Nardoni/Jatobá, pelo assassinato da menina Isabela, pode ser, para muitos, o desfecho mais do que previsível – e, aparentemente, desejado intensamente – de um drama em que, afinal, triunfou a Justiça em nosso país. É possível.
Mas para mim, tudo não passou de mais um capítulo na re-encenação de uma tragédia de múltiplas dimensões, que já tinha me dado náuseas, há cerca de dois anos, quando se deu o crime, e que, retomado agora, com o julgamento, certamente ainda pode render mais alguns dividendos asquerosos.
A primeira dimensão trágica se situa, como é óbvio, no crime em si, na violência intolerável a que teria sido submetida a menina, sabe-se lá efetivamente como e, ainda mais, porquê (se é que aqui se pode falar em razão, ou motivo, propriamente dito). Se a versão da promotoria, afinal endossada pelo júri de anteontem, já parecia digna de pesadelo – tanto pela descrição hedionda do crime quanto pela associação intrigante de raiva explosiva, configurada nos indícios de agressão e esganadura, de par com deliberação (?!) doentia, expressa no que seria a decisão fatal de jogar o pequeno corpo pela janela –, também a improbabilíssima versão da defesa, acerca de um terceiro e misterioso personagem na trama – que seria o verdadeiro assassino –, tudo, enfim, já dava ao caso uma atmosfera digna de filme de horror.
Mas esse é apenas um dos lados do enredo (mesmo que ainda o principal). Um outro roteiro sinistro se desenrolou ao redor deste. Seus protagonistas não foram os clássicos personagens de dramas criminais, como a vítima, os acusados, testemunhas, investigadores e demais envolvidos diretamente na cena do crime e no teatro de relações humanas implicadas. Não.
Os personagens da segunda tragédia situam-se na opinião pública e nos principais artífices desta: os jornalistas. É difícil dizer o que foi mais lamentável (para além das construções/desconstruções da narrativa do crime em si): se a exploração irresponsável que certos veículos e profissionais da mídia fizeram da tragédia – principalmente no desenrolar das primeiras investigações, mas também agora, no julgamento –, ou a reação indignada de certos setores do público: cujas manifestações iradas de certeza acerca da culpa dos acusados, e conseqüente desejo de punição, ou mesmo vingança, beiraram freqüentemente as raias do mais puro e perigoso fanatismo.
Sei que vão dizer que o crime foi hediondo (e foi mesmo), ou que há uma demanda terrivelmente reprimida no país de desejo de justiça e fim da impunidade. Compreendo perfeitamente.
Mas ou aprendemos a confiar no nosso sistema Judiciário, mesmo com todos os seus defeitos, e a deixar a ele, a seus procedimentos, seus atores e métodos, o papel essencial e imprescindível de fazer Justiça – que não podem caber, num Estado de Direito, a auto-proclamados donos-da-verdade, juízes e jurados de ocasião, na mídia ou fora dela – ou, apesar de todas as nossas qualidades e avanços, vamos continuar a correr o risco de eventualmente merecer, tal como dizia a música de Caetano, o título de “a mais triste Nação, na época mais podre...”.