segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Antecipações

Antigamente uma das boas vantagens de ser um teórico, professor e pesquisador, e não um jornalista, é que ao contrário deste último eu poderia gastar meu tempo e me debruçar sem culpas ou críticas sobre o que não é e pode nem vir a ser notícia. Aquilo que simplesmente ainda não aconteceu, e que muitas vezes nunca acontece (desnecessário dizer o quanto o jornalismo mudou; tanto que muitos dos nossos profissionais de imprensa hoje se sentem perfeitamente livres para contrariar essas velhas regras do métier...).
Com relação à tão discutida – e frequentemente lamentada – atual reforma ministerial, por exemplo, gostaria apenas de lembrar algumas noções básicas que podem ajudar a entender não exatamente as escolhas já feitas pela presidente e sua entourage – longe de mim! –, mas ao menos questionar os porquês de tantas acusações ou elogios, tantas decepções e antecipações, confiantes ou catastróficas – assim como explicitar as razões que me levam a não tomar muito a sério nem umas nem as outras.
Existem básica e teoricamente três objetivos que guiam ou deveriam guiar a formação de um ministério e a ocupação de cargos públicos de primeiro e segundo escalão; particularmente numa democracia com as características do sistema político brasileiro contemporâneo: 1) levando-se em conta a diversidade e abrangência das funções e áreas de atuação do Estado contemporâneo, e a consciência prudente de que é impossível – e pouco recomendável – tentar obter sucesso em todas elas, em especial ao longo apenas de um mandato fixo de quatro anos (e que para ser renovado por mais quatro, terá de apresentar resultados em prazo relativamente curto), a primeira função da montagem dos quadros deverá ser atender às metas prioritárias fixadas pela estratégia geral do governo em questão, colocando-se nos postos-chaves as pessoas que, teoricamente, melhor poderão dar conta de cumprir tais prioridades; seja por seu compromisso com elas, pelas atribuídas qualidades técnicas de tais indivíduos, por suas imagens públicas, por sua vinculação com grupos de poder estratégicos, ou por qualquer combinação de alguns ou todos estes atributos; 2) em paralelo, ou em seguida, cabe utilizar as nomeações como elemento de costura das alianças e apoios partidários no Congresso Federal, mas também nos estados, já que a formação e o cuidado permanente com as coalizões é essencial para tocar o dia a dia do governo; 3) finalmente, é preciso levar em conta, na composição dos gabinetes, os vínculos do governo com a Sociedade Civil, trazendo nomes que possam facilitar o diálogo com setores considerados importantes. E sem esquecer, é claro, o fato de que o atendimento razoável de tais objetivos é sempre dependente da oferta geral de quadros administrativos – técnicos e políticos – à disposição dos artífices da ocasião.
Em tese  sempre se pode imaginar que em alguns casos particularmente felizes se poderia ocupar idealmente os cargos mais estratégicos com os melhores quadros disponíveis, tanto de um ponto de vista “técnico” quanto político (e em ambos os sentidos acima mencionados do termo). Atendendo assim a todos os objetivos principais de uma só tacada.
Mas qualquer pessoa que acompanhe a política (ou a vida) com um pouco mais de atenção e experiência sabe que isso é simplesmente impossível. Não somente porque um objetivo pode entrar em contradição com outro (e o ‘xis’ da política é justamente conseguir administrar – o que não é exatamente o mesmo que “resolver” – esse tipo de contradição). Nem porque propriamente, ao contrário, se trate de uma questão de carência de pessoas com tal polivalência, ou, como se diz, por absoluta falta de “material humano” (o que também se houve com frequência; com doses equivalentes de arrogância e ignorância política). Não.
É impossível se garantir o preenchimento de modo razoavelmente satisfatório de tais funções, atingindo objetivos tão importantes, porque de saída isso simplesmente pressupõe um acordo mesmo que mínimo sobre metas e estratégias gerais de governo, mas também de prioridades, táticas e timing de cumprimento de tarefas, etapas e pré-requisitos. Ou seja: só posso dizer que fulano ou sicrano é o nome perfeito para determinado cargo – ou, inversamente, que é o pior – se eu souber quais as expectativas que o próprio governo tem para tal função, no contexto mais amplo de suas estratégias. Qualquer especulação para além disso é mera projeção minha sobre quais deveriam ser tais metas e estratégias, e qual o perfil ou indivíduo que idealmente – ou arbitrariamente (em geral dá no mesmo) – considero mais talhado para isso. Pode ser muito bom para o ego, para marcar posição, ou simplesmente um exercício mental divertido de se fazer, mas em geral é rigorosamente irrelevante para a compreensão efetiva do processo.
Ora, admita-se, por hipótese, que o próprio governo possa ter total clareza e controle sobre tal complexo (o que, de minha parte, sem demérito nenhum para este ou qualquer outro governo, eu sempre duvido). Como é que nós, observadores, que não possuímos nem uma ínfima parte da informação que cabe aos eleitos, não estamos submetidos às pressões que estes enfrentam (ainda bem!), nem, na maioria esmagadora dos casos, podemos privar de acesso privilegiado a suas intimidades ou oráculos, poderemos não somente avaliar com um mínimo de objetividade os seus possíveis erros e acertos neste campo, quanto mais antecipar seus futuros desempenhos?
Eu entendo, claro, que a escolha de ministros e quadros governamentais pode ser bem mais importante para o futuro e os interesses particulares de muita gente bem informada. Bem mais dramático do que a escalação da seleção.
E no mais, o choro é livre, assim como as artes da crítica, da pressão política, da especulação, e o direito a dar pitacos, ou bancar a pitonisa. Graças a Deus está tudo garantido por nossa constituição democrática.
Por isso mesmo que assim como temos de respeitar o resultado das urnas, cabe ao governo eleito governar, fazer suas escolhas e cometer seus eventuais erros e acertos. E a nós cabe sempre cobrar, reclamar, pressionar, elogiar, criticar, apoiar, se opor, propor alternativas, etc.
Mas soltar foguetes ou sofrer por antecipação, aqui da planície, com um ministério que ainda nem tomou posse!?

E com essa me despeço de 2014 – por mais que este ano teime em não acabar – e desejo feliz 2015 a todas/os!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Muito além do Fingerprint file...

Matéria super interessante – e assustadora – sobre a impossibilidade de privacidade na Rede, assinada por Farhad Manjoo, saiu ontem no blog Bits, do New York Times: "The Lesson of the Sony Hack: We Should All Jump to the ‘Erasable Internet" (http://bits.blogs.nytimes.com/2014/12/18/the-lesson-of-the-sony-hack-we-should-all-jump-to-the-erasable-internet/?_r=2 ).
Lembrou-me velho funk, ligeiramente paranoico, dos Stones: Fingerprint file era a faixa final do lado B do antológico Lp de 1974, It’s only rock’n’roll. O último daquela que, modestamente, considero a melhor fase da banda, com Mick Taylor na guitarra solo. Embora, nesse caso, curiosamente, quem abre a música tocando o riff que dá todo o molho, é ninguém menos do que o outro Mick, o Jagger (eis aqui montagem com versão ao vivo, já do ano seguinte, com o definitivo Ronnie Wood na vaga que fora de Taylor e Brian Jones: http://youtu.be/ZpSCzVjwPC8)

Segue abaixo a letra (... what a price, what a price to pay...):


Fingerprint file
(Jagger & Richards)
Fingerprint file, you get me down
You keep me running
Know my way around. Yes, you do, child
Fingerprint file, you bring me down
Keep me running
You keep me on the ground
Know my moves
Way ahead of time
Listening to me
On your satellite
Feeling followed
Feeling tagged
Crossing water
Trying to wipe my tracks
And there's some little jerk in the FBI
A keepin' papers on me six feet high
It gets me down, it gets me down, it gets me down
You better watch out
On your telephone
Wrong number
They know you ain't home
And there's some little jerk in the FBI
A keepin' papers on me six feet high
It gets me down, it gets me down, it gets me down
Who's the man on the corner; that corner over there
I don't know. Well, you better lay low. Watch out
Keep on the look out
Electric eyes
Rats on the sell out
Who gonna testify
You know my habits
Way a head of time
Listening to me
On your satellite
And there's some little jerk in the FBI
A keepin' papers on me six feet high
It gets me down, it gets me down, it gets me down
It gets me down
Hello, baby, mm-hmm
Ah, yeah, you know we ain't, we ain't talkin' alone
Who's listening? But I don't really know
But you better tell the SIS to keep out of sight
'Cause I know they takin' pictures on the ultraviolet light
Yes, uh huh, yeah, but these days it's all secrecy; no privacy
Shoot first, that' s right... you know
Bye bye. Who's listening?
Right now somebody is listening to you
Keeping their eyes peeled on you
Mmm, mmm, what a price, what a price to pay
All right. Good night, sleep tight

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

“Não vamos nos dispersar!” (de novo)

Poucas semanas antes do segundo turno das eleições presidenciais passadas, antecipei aqui, neste blog, o que era perfeitamente óbvio: o início do chamado "terceiro turno"; ou seja, a previsível manutenção de um clima de radicalização e troca de gentilezas entre os dois lados da disputa, por conta dos ressentimentos acumulados por vinte anos de rivalidade entre PT e PSDB, devidamente acirrados na dura campanha deste ano (e sem poder prever então também a pequena margem relativa de votos que separaria, afinal, a candidata vencedora e reeleita, do desafiante, segundo colocado; o que certamente haveria de contribuir ainda mais para a insegurança geral e para aumentar a dificuldade em aceitar a derrota para o lado perdedor).
Só isso já seria mais do que o suficiente para compreender o estado de ânimo nas fileiras e nas altas cúpulas do tucanato (e sem esquecer, é claro, o quanto os desdobramentos da investigação e exploração jornalística do escândalo de corrupção na Petrobras colocam ainda mais lenha nessa fogueira).
Mas tenho a nítida impressão de que há ainda outras razões para o estado atual de excitação tucana, em especial o do novo presidente e líder do partido, o próprio candidato derrotado, Senador Aécio Neves.
Já tem sido levantado por muitos observadores o quanto a conjugação paradoxal do excelente desempenho obtido por Aécio no plano nacional, mesmo perdendo, de par, contudo, com a preocupante derrota pessoal em seu estado, Minas Gerais - onde não somente foi derrotado diretamente, como candidato, mas onde seu partido perdeu a hegemonia local, após seus dois mandatos como governador (e criador de seu sucessor) - colocam o seu futuro político numa encruzilhada de alta voltagem: de um lado, perspectivas de altos voos no contexto federal mais amplo; de outro, a necessidade urgente de reconstruir suas bases locais de sustentação, diante da máquina do estado, agora controlada por seus maiores rivais. Daí, talvez, os arroubos do mineiro em se apresentar logo como líder inconteste da oposição ao governo Dilma (com arengas que chegam até a lembrar espécimes de aves ilustres, mas relativamente agourentas do passado; muito mais para corvos do que para tucanos...).
Mas também é fato que desde as grandes vitórias de FHC nas eleições da década de 1990, nunca um candidato peessedebista chegou tão perto da vitória, nem amealhou tantos votos quanto Aécio neste ano: mais de 50 milhões. Não é pouca coisa. E embora tanto Serra quanto Alckmin, em suas derrotas anteriores para o PT, também tenham obtido desempenhos bem razoáveis - levaram a disputa para o 2º turno e lá obtiveram votações expressivas, em torno dos 30, 40 milhões - é certo que alguma outra coisa parece, portanto, estar agitando de modo inédito o ninho desses pássaros orgulhosos.
Se no apogeu do Plano Real e do prestígio de FHC a hegemonia tucana parecia flutuar sobre a chamada grande maioria silenciosa, numa onda geral de alívio e euforia pela domesticação, afinal, do monstro da hiperinflação – enquanto a maré montante do PT ainda se debatia nas amarras de suas próprias contradições e imaturidades internas –, com a vitória do "Lulinha Paz e Amor" em 2002, a chegada inédita das caravanas petistas ao poder, e o sucesso da relativamente surpreendente combinação inicial de estabilidade com crescimento econômico e distribuição de renda da “Era Lula”, não somente processou-se a maior alternância democrática de poder da história do Estado brasileiro. Com novíssimos inquilinos adentrando os vastos palácios da corte.
Em primeiro lugar, estabeleceu-se, é claro, uma nova dinâmica de vínculos diretos entre o Poder Central e a massa cidadã. Mas alterou-se também o caráter da relação entre a máquina desse mesmo Estado e a sociedade civil. Alteraram-se os canais de acesso e a dinâmica das disputas pelo poder. Em especial na arena mais democraticamente decisiva: a eleitoral.
O atual assanhamento tucano, mesmo após a quarta derrota consecutiva para o seu maior rival, parece-me dever-se ao fato de que, talvez pela primeira vez, os milhões de votos obtidos pela oposição não refletem essencialmente apenas o resultado de uma campanha passada, seus erros e acertos estratégicos; não. Dessa vez, eles parecem trazer consigo a oportunidade do encontro do PSDB não com uma maioria mais ou menos fortuita e difusa, mas igualmente volúvel e volátil – capaz de hoje entronizar subitamente uma liderança ou plataforma, para amanhã abandoná-la, com a mesma sem-cerimônia – mas sim com uma minoria significativa: militante ou simpatizante, mais consistente e duradoura.
A ansiedade tucana, para além de todas as boas razões mencionadas, e a essa altura do calendário – ainda tão longe das próximas eleições -, parece se alimentar também da expectativa e busca da fidelização dos setores mais ativos e engajados do significativo contingente de eleitores que levaram a candidatura presidencial do PSDB bem mais longe do que se esperava. Ânsia de vincular-se talvez mais fortemente e de modo mais duradouro a setores organizados da sociedade brasileira, mas acima de tudo, de finalmente arregimentar-se uma militância tucana numericamente respeitável, efetivamente digna desse nome, capaz enfim de rivalizar com o PT e acabar com seu histórico monopólio nacional do status de “partido de massas”.
Ou seja: não se trata apenas, para o PSDB, de seguir fustigando o governo, no papel que cabe naturalmente à oposição (ainda mais diante de um filão como esse da Petrobras). Esticar a campanha eleitoral e manter o terceiro turno vivo e saltitante é muito mais do que adiar a ressaca da derrota: é tentar manter mobilizada a legião que se formou em torno de Aécio (ou contra Dilma e o PT). Assim, como vovô Tancredo, há coisa de 30 anos, nos desdobramentos da campanha das “Diretas Já!” – mas também Collor de Mello, ao tomar posse, em 1990 –, cabe agora ao líder tucano repetir o velho bordão e evitar a dispersão do movimento.
A questão que se coloca agora, pois, é: até onde pode ir o sonho de uma militância tucana de massas e de uma ampliação significativa da rede de capilarização do partido junto à sociedade civil, capaz de fazer frente a tudo que o PT construiu quase que exclusivamente em sua hoje longa trajetória (e talvez agora desgastado pelo exercício continuado do poder e seus altos custos)?
Quão efêmero pode ser o engajamento dos apoiadores e simpatizantes do PSDB? Como fazer de uma possível e mais ou menos consistente massa antipetista, uma força de mobilização mais permanente e comprometida com os planos de voo específicos do tucanato?
Como ir além da mera repetição dos slogans e fazer história nova?

domingo, 7 de dezembro de 2014

O som, a fúria e (acima de tudo) o tédio


"Why do the faithful have such a will, to believe in something.
And call it the name they choose, having chosen nothing"

Back-door angels,
Ian Anderson

Hoje se completam seis semanas desde as eleições. Mais de um mês já se passou desde que a presidente Dilma foi reeleita. E desde então tenho tentado manter minha atenção e interesse no noticiário político. Mas está difícil.
Entendo que os políticos e demais profissionais da res publica têm todos de se reposicionar em função dos resultados eleitorais, das vitórias e derrotas, e das perspectivas e apostas que se abrem. E o mesmo vale para a legião de interessados em abocanhar algum naco da farta e generosa oferta de despojos acessíveis aos amigos das diversas cortes patrimoniais do inevitável e onipresente Estado brasileiro, em todos os seus níveis e extensões.
Suponho também que os diversos tipos de militantes e simpatizantes têm de seguir alimentando e dando asas às suas identidades e ansiedades, mais ou menos recém-adquiridas, ou recém-radicalizadas, consultando todos os oráculos disponíveis e auscultando até os mais leves rumores e suspeitas de mobilização de aliados e, principalmente, inimigos.
Sei igualmente bem que os jornais, revistas e demais meios têm que seguir vendendo e faturando (e atendendo seus respectivos públicos e clientelas particulares - não necessária e publicamente discerníveis). E para isso há de se explorar até a última gota dos escândalos, ou esboços de projetos de escândalo disponíveis, ou ainda, quando essa oferta rarear, dos inúmeros debates, fofocas e picuinhas menores (mas nem por isso, às vezes, mais interessantes).
E finalmente, não ignoro que os coleguinhas da intelligentsia - ou intelligentsias - não têm como recusar sua douta colaboração nessa geleia geral cada vez mais célere e interconectada.
E tome de especulação no meio dessa entressafra ou limbo que se forma entre uma eleição geral e o início de novos governos eleitos e legislaturas (algo assim estimulante como o recesso de férias do futebol).
E dá-lhe interpretação sobre cada ínfimo detalhe de ação partidária ou discurso oficial, cada espasmo de agitação ou demonstração de inquietude social. Por mais irrelevantes que possam parecer (e sem esquecer o manancial inesgotável da repercussão ou reverberação ad infinitum das próprias intervenções críticas ou analíticas; de um lado ou de outro da lida).
Mas chega a ser cansativo o modo com que se tenta fabricar e repercutir factóides onde pode não existir (ainda) rigorosamente nada de publicamente relevante acontecendo.
Da ansiosa cobertura do mais recente episódio do velhíssimo enredo de corrupção nacional endêmica, a chamada Operação Lava-a-jato - adoro esses nomes de investigação que o pessoal arranja! Nunca consigo entender os significados; mas acho o máximo! Me lembra as séries de aventura que assistia quando moleque -, à emocionante (?!) reforma ministerial e sua bolsa de apostas em torno de nomes e especulações sobre mudanças de policies, e sem esquecer, é claro, da fascinante eleição para a presidência da Câmara, temos aí um coquetel realmente imperdível. Como alguém ainda pode sofrer de insônia num contexto como esse?!
Por favor, não me entendam mal.
Longe de mim lamentar os bons fundamentos do tédio que a atual democracia brasileira pode provocar. De modo algum.
Ao contrário de aparente maioria - ou minoria ruidosa -, meu ideal de democracia é exatamente isso: um porre. Onde nada acontece além de escândalos, CPIs, escaramuças recorrentes entre a situação e a oposição, combates encarniçados por sinecuras e prebendas em geral, especulações intermináveis em torno de platitudes, insinuações e discursos para boi dormir, e sem esquecer, obviamente, de regar tudo com boas doses de sensacionalismo barato e, não raro, irresponsável. Em suma: muita espuma, som e fúria, pairando nefelibaticamente sobre o funcionamento regular e comezinho das mesmas vetustas e mal-apreciadas instituições ditas democráticas.
Compreendo e acho tudo, portanto, perfeitamente normal.
Cada um tem de seguir jogando seu jogo, desempenhando seu papel.
E enquanto houver campeonato - ou encenação - ainda estamos no lucro.
Mas que me dá um sono danado e uma vontade enorme de ler de tudo, menos o noticiário político...